A filha de Fafá de Belém, Mariana Belém, revelou no Instagram ter sofrido abuso sexual aos 7 anos de idade. Porém, ela só conseguiu contar para a mãe apenas 17 anos mais tarde.

No relato, Mariana afirmou que a relação entre ela e a mãe, Fafá, foi sempre de muita confiança e parceria. Contudo, apesar da abertura, demorou para criar coragem de revelar o abuso sofrido. “Só por um milagre não fui ainda mais violentada. Algo me fez correr porque achei errado um homem que deveria cuidar de mim estar passando a mão dentro do meu biquíni, colocando a minha mão no pênis dele e pedindo para eu ‘dar beijo’ naquela parte do corpo dele”, escreveu.

Para superar o trauma sofrido, Mariana afirmou ter recorrido a um tratamento. “Consegui não viver com traumas maiores. Mas nunca esqueci. E quem não teve terapia? Informação? Uma mãe confidente?”. O relato da filha de Fafá de Belém faz parte da campanha “Precisamos Falar sobre abuso”, liderado por Ana Paula Araújo.

Leia o relato completo:

“Minha mãe sempre foi minha parceira, minha confidente. Sempre fomos parceiras de vida, desde sempre. E mesmo assim levei 17 anos para contar que sofri abuso aos 7 anos e que só por um milagre não fui ainda mais violentada (e foi assim que eu aprendi o que seria ter FÉ pela vida toda). Algo me fez correr porque achei errado um homem que deveria cuidar de mim estar passando a mão dentro do meu biquíni, colocando a minha mão no pênis dele e pedindo para eu “dar beijo” naquela parte do corpo dele. Algo fez minha mãe chegar enquanto eu corria dele. Algo ali me salvou de algo pior. Levei 17 anos para contar por alto. E esses detalhes grotescos acima eu só contei quando moramos juntas durante essa pandemia (33 anos depois do ocorrido). Eu lembro do quarto, eu lembro da casa, eu lembro do exato momento em que minha mãe entrou na casa, eu lembro de detalhes, das frases. Trabalhei isso ao longo da vida, com psicopedagoga, lendo sobre e, a não ser por anos respondendo raivosa e xingando homens que mexiam comigo na rua (e isso foi trabalhado depois de adulta), consegui não viver com traumas maiores. Mas nunca esqueci. E quem não teve terapia? Informação? Uma mãe confidente? Se nem eu consegui contar pra minha, sempre aberta a conversar sobre tudo… Eu me achava responsável. Eu achava que a culpa era minha. Eu tinha vergonha. Eu tive medo por anos. Quantas meninas, quantas mulheres não conseguiram correr? Quantas meninas acreditaram nos amigos dos pais, em familiares e tiveram sua confiança quebrada e seu corpo violado? Precisamos sim falar sobre Abuso. Precisamos ler e proteger nossos filhos, amigos… Minha amiga @appaaraujo , seu livro me fez conseguir contar isso publicamente pela primeira vez na vida e te agradeço por isso. Quando você chorou me ouvindo te contar, pensei: “será que meu relato pode encorajar outras pessoas? Ou ao menos confortar quem também ficou quieta por medo e vergonha? Será que meu relato pode abraçar outras pessoas?” Tomara. Se esse relato fizer pelo menos uma pessoa se sentir acolhida, parte de algo ou até encorajar alguém a se abrir, eu já sentirei um alívio ainda maior. Leiam esse livro, vamos falar mais sobre” 🙏🏼 #PrecisamosFalarSobreAbuso