Mais um vídeo do grupo Porta dos Fundos causou polêmica nos últimos dias. “Teste de Covid” mostra um paciente em busca do resultado de um teste para Covid-19, interpretado pelo ator Fábio de Luca.

Durante o vídeo, a atriz Thati Lopes, que interpreta uma atendente de laboratório, passa o laudo e orientações médicas via telefone.

A personagem avisa que o resultado foi negativo, uma vez que o vírus não teria conseguido “resistir ao seu corpo podre” e que “morreu abafado dentro da veia dele”, entre outras críticas à sua saúde e estilo de vida.

O vídeo foi oculto do canal dos humoristas no YouTube e o grupo pretende regravá-lo com outro ator.

Repercussão

O apresentador Fabio Porchat usou a conta do grupo Porta dos Fundos no Instagram para promover uma conversa ao vivo sobre gordofobia, dialogando com as criadoras de conteúdo Bianca Barroca e Alexandra Gurgel.

Fabio iniciou a live reforçando que críticas de minorias não podem ser encaradas como “mimimi”. “Para mim o problema não é a ignorância, porque ninguém nasce sabendo. O problema é não querer aprender”.

Ele explicou que, no Porta dos Fundos, todos os roteiros passam por uma aprovação.

“Cada um escreve o roteiro e leva para uma reunião, para uma leitura coletiva. A gente ouviu, leu junto e o mais curioso foi que ninguém ficou com o pé atrás, porque não havia indicação de ator. Então a
piada central era uma pessoa com o organismo tão podre que nem o vírus iria querer ficar lá dentro”, disse. No entanto, reconheceu que, depois de pronto, o material ganhou um potencial diferente.


“Não importa se você teve a intenção ou não, o que importa é que aquilo passou. No meio do caminho, alguma coisa torta atrapalhou. Não precisa querer ser racista, por exemplo, para ser. A gordofobia é muito forte e já está na cabeça de todo mundo”. Após alguns questionamentos de Bianca, ele comentou sobre vídeos produzidos pelo grupo no passado.

“O Porta dos Fundos já fez vídeos em que o gordo era a piada central. O nome do nosso primeiro vídeo é ‘Traveco na firma’. A gente jamais falaria isso hoje. Acreditamos que estamos em uma constante evolução. A mesma coisa com a gordofobia, essa conversa é uma ótima discussão para que a nossa luta não seja seletiva”, disse. Fabio reforçou ainda que a ideia é fazer as piadas com os opressores e não com os oprimidos.